CORRUPÇÃO
Outra eleição se aproxima e uma das grandes preocupações dos eleitores brasileiros diz
respeito ao problema da corrupção desenfreada que tem se intensificado nos
últimos anos, em todo o mundo, sobretudo nos países mais pobres.
Na Política, o termo "corrupção" refere-se à transformação
danosa da personalidade da pessoa que, em posição de exercer poder político
sobre os demais cidadãos, passa a usar este poder em benefício próprio.
Embora a
corrupção possa facilitar negócios criminosos como o tráfico de drogas, lavagem
de dinheiro e tráfico de seres humanos, ela não se restringe a essas
atividades. As muitas formas de corrupção incluem o suborno, extorsão, fisiologismo,
nepotismo, clientelismo e peculato.
A corrupção
impede o desenvolvimento econômico da nação ao permitir a extração de renda de
setores vulneráveis da população ou de pessoas ou de empresas que conseguiram
juntar riqueza patrimonial. A espoliação desta riqueza passa a ser o objetivo
dos detentores do poder político.
No Brasil, um
dos principais obstáculos do combate à corrupção é a cultura de impunidade
ainda vigente no país. A justiça é morosa, e aqueles que podem pagar bons advogados
dificilmente passam muito tempo na cadeia ou mesmo são punidos. Além disso, o
fato de os políticos gozarem de direitos como o foro privilegiado e serem
julgados de maneira diferente da do cidadão comum também contribui para a
impunidade.
Em todo o
mundo, calcula-se que a corrupção envolva mais de 1 trilhão de dólares por ano.
Um estado de corrupção política desenfreada é conhecido como uma cleptocracia, o que literalmente
significa "governado por ladrões".
LAMENTAÇÕES DE UM CORRUPTO
Analise a seguir a carta anônima de um corrupto em fim de carreira:
Finalmente acordei de um pesadelo que parecia tão real e impossível de fugir. Estive preso em teias tão fortes que jamais imaginei escapar.
Ao abrir os olhos, percebi que, durante muito tempo, não tive vida de verdade. Tornei-me um vampiro, um morto-vivo em lento processo de decomposição, alimentando-me vorazmente do sangue daqueles que confiaram a mim a administração de seus bens e interesses.
Lembrei-me então de minha vida anterior. Certamente, tinha um futuro promissor e muitos projetos importantes antes de ser seduzido pelo mal e da depravação moral tomar conta de meu ser por completo. Tinha dois caminhos a escolher, mas escolhi mal. Decidi pelo caminho da perdição, iludido por promessas de poder e imortalidade.
Apesar das dificuldades inerentes à vida de qualquer ser humano, eu era feliz, pois possuía os dons mais preciosos que qualquer pessoa pode desfrutar neste mundo:
1) Família, a qual sustentava honestamente com o suor do meu rosto e não com
dinheiro desviado das contas públicas;
2) Integridade, não vivia na devassidão, mas era fiel à minha esposa e meus
filhos tinham orgulho do pai;
3) Amigos, e não oportunistas cheios de falsidade que me abraçavam e com
palavras lisonjeiras me chamavam de “grande líder”;
4) Liberdade, era uma pessoa livre, com permissão de ir e vir e isenta de restrições
externas ou coação física e moral;
5) Paz, pois dormia tranquilo, sem o peso na consciência por causa de muitas
mortes inocentes;
6) Honra, porque era virtuoso e andava de cabeça erguida, pagava minhas dívidas e gozava de boa reputação junto a sociedade;
7) Coragem, tinha força moral, intrepidez,
ousadia diante dos problemas e não fugia de minhas responsabilidades;
8) Saúde, não era usuário de drogas,
e nem tinha que ir constantemente ao médico por causa da tensão e das inúmeras perturbações
e enfermidades ligadas ao estresse;
9) Lealdade, não traía aqueles que depositavam sua confiança em mim e cumpria com todos os compromissos firmados e;
10) Amor, me importava com os outros e fazia boas ações em favor do meu
próximo.
Hoje, infelizmente, minha situação é triste e lamentável.
Não tenho mais uma família, pois minha esposa, cansada de viver sozinha e de ser traída, pediu o divórcio, e meus filhos têm vergonha de mim. Não tenho mais um lar, pois a justiça tomou meus bens para cobrir o rombo que fiz durante meu mandato. Não tenho amigos, pois os que se declaravam como tais, apenas queriam se beneficiar com lavagem de dinheiro, farras, prostituição, tráfico, contrabandos e vícios que eu podia proporcionar. Já não sei mais o que é paz, pois sou assombrado dia e noite com temores de um perigo real e iminente, cujo horror me rouba o sono. Tampouco há honra, porquanto meu nome está relacionado com escândalos de corrupção e associado a práticas de maus costumes. Sou um covarde, pois vivo apreensivo, com receio de ofender, de causar nojo ou de ser desagradável às pessoas que me rodeiam. Minha saúde acabou, pois os anos de depravação física e dependência química destruíram minhas funções físicas e mentais e roubaram o vigor que outrora possuía. Até mesmo o direito de amar me foi vedado.
Eu me sinto um verme imundo. E nesta cela fria na qual me encontro, há apenas solidão e tristeza consumindo meu coração. Portanto, sem motivos para continuar, tudo que me resta agora é livrar o mundo de ser tão desprezível...
Autor desconhecido
Fontes de pesquisa:
RESENDE,
Enio. Cidadania: o remédio para as doenças culturais brasileiras. 2.ed.
São Paulo: Summus, 1992.
NUNES,
Wálter e LEITÃO, Matheus. (2007). O Brasil está mais corrupto? "Revista
Época". 16 de julho de 2007. p. 41.