sexta-feira, 27 de abril de 2012

MITOLOGIA, CIÊNCIA E RELIGIÃO

Há vida após a morte?
Série: Grandes questões da Vida
By Phrancys Drake


Nascemos, vivemos, morremos. E depois?

Esta pergunta tem desafiado a humanidade através dos tempos e permanece sem resposta convincente nos dias atuais.

A morte (do latim mors) é o fenômeno que mais se tem discutido no universo, gerando uma gama de opiniões diversas, tanto por parte das religiões como através das ciências. A questão de o que acontece, especialmente com os humanos, durante e após a morte é uma interrogação permanente na psique humana.

Para onde vamos após a morte?
As expressões vida após a morte, além, além-túmulo, pós-vida, ultravida e outro mundo referem-se à suposta continuidade da alma, espírito ou mente de um ser após a morte física. Os principais pontos-de-vista sobre o além provém da religião, do esoterismo e da metafísica.

As teorias com respeito a vida após a morte mais divulgadas e preponderantes são três:

  1. A teoria da "Extinção Absoluta" da vida ao ocorrer a morte física, ou teoria Materialista (monista);
  2. A teoria Teológica ou teoria do "Céu e Inferno" - vida eterna em uma dimensão espiritual, determinada pela conduta na vida física;
  3. A teoria da Reencarnação ou teoria do Renascimento (dualista) - através de renascimentos sucessivos em corpos físicos e com diferentes experiências de vida pode-se alcançar a expansão de consciência e perfeição espiritual.
A morte, no ramo das ciências, é estudada pela tanatologia. Nesse sentido são estudados causas, circunstâncias, fenômenos e repercussões jurídico-sociais, sendo amplamente utilizados na medicina legal.

O Homem, desde o princípio dos tempos, tem buscado desvendar o insondável segredo da morte.
Para os céticos, a morte compreende o cessar da consciência, exatamente quando o cérebro deixa de executar suas funcionalidades. Acreditam que ela é absolutamente impossível, tal como os materialistas-reducionistas, que declaram que tal tema é sobrenatural, e logo, ou não existe ou é incognoscível.
Céu - Morada do Deus Criador
Para os religiosos, a morte é apenas o início de uma vida nova em uma outra realidade. Apesar de esse conceito ser comum a muitas crenças, ele normalmente segue padrões diferentes de definição de acordo com cada filosofia. Várias religiões crêem que após a morte o ser vivo ficaria no céu junto do seu criador (Deus).
Os agnósticos geralmente mantém a posição de que, da mesma forma que a existência de Deus, a existência de outros fenômenos sobrenaturais tais como a existência da alma ou a vida após a morte são inverificáveis, e portanto, permanecerão desconhecidos. Algumas correntes filosóficas (por exemplo, humanismo, pós-humanismo, e, até certo ponto, o empirismo) geralmente asseveram que não há uma ultravida.

Tipos de vida após a morte

Existem dois tipos de opinião, fundamentalmente diferentes, sobre a vida após a morte: opinião empírica, baseada em observações, e opinião religiosa, baseada na fé.
  • O primeiro tipo de assertiva baseia-se em observações feitas por humanos ou instrumentos (por exemplo, um rádio ou um gravador de voz, usados em psicofonia). Tais observações são feitas a partir de pesquisa de reencarnação, experiências de quase-morte, experiências extracorporais, projeção astral, psicofonia, mediunidade, várias formas de fotografias etc. A investigação acadêmica sobre tais fenômenos pode ser dividida, grosso modo, em duas categorias: a pesquisa física geralmente concentra-se no estudo de casos, entrevistas e relatórios de campo, enquanto a parapsicologia científica está relacionada estritamente à pesquisa em laboratório;
  • O segundo tipo baseia-se numa forma de fé, usualmente fé nas histórias que são contadas pelos ancestrais ou fé em livros religiosos como a Bíblia, o Alcorão, o Talmude, os Vedas, o Tripitaka etc. A Bíblia afirma que Jesus ressuscitou dos mortos após três dias de sua morte na cruz do calvário (Atos 10.39,40). De fato, a ressurreição de Jesus é a verdade central da fé Cristã.

Experiências de quase-morte

Do ponto de vista científico, não se pode confirmar nem rejeitar a idéia de uma vida após a morte. Embora grande parte da comunidade científica sustente que isso não é um assunto que caiba à ciência resolver, muitos cientistas tentaram entrar nesse campo estudando as chamadas "experiências de quase-morte".
Um dos ramos da ciência relatados através de vários casos de quase morte estuda os sentimentos declarados de pacientes que recuperaram suas funções vitais depois de uma intervenção médica. São comuns relatos de pessoas que dizem ter visto uma luz, um túnel iluminado e às vezes vendo-se a si mesmo, fora do próprio corpo, durante uma cirurgia.

Esses relatos dividem opiniões de especialistas que defendem as causas religiosas no sentido de que a "luz" vivenciada pelos pacientes de quase morte era a luz para o caminho dos céus. A ciência tenta explicar esse fenômeno através de alterações químicas no cérebro, especialmente pela falta de oxigenação em cirurgias graves, fazendo o paciente ter alucinações nesse período de intervenção.

Relatos dessas experiências sempre ocorreram na história. A obra "República", de Platão, escrita em 360 a.C., contém a lenda de um soldado chamado Er que teve uma experiência semelhante depois de ter sido ferido em combate. Er descreveu sua alma deixando seu corpo e, do céu, viu-a sendo julgada junto com outras almas.

A maioria das "experiência de quase-morte" tem as seguintes percepções:
  • Sensações de tranquilidade - essas sensações podem incluir paz, aceitação da morte, conforto físico e emocional;
  • Luz radiante, pura e intensa - é uma luz que muitas vezes preenche o quarto. Em vários casos os pacientes associam-na ao Céu à Deus;
  • Experiências fora do corpo - a pessoa sente que deixou seu corpo. Ela pode olhar para baixo e ver o corpo, geralmente descrevendo a visão dos médicos trabalhando nele;
  • Entrando em outra realidade ou dimensão - dependendo das crenças religiosas da pessoa ela pode se sentir entrando num portal de novas dimensões;
  • Seres espirituais - a pessoa sente-se encontrando "seres de luz" ou de outras representações de entidades espirituais. Ela pode perceber esses seres como entes queridos que morreram, anjos, santos ou Deus.
A Vida após a morte nas religiões antigas

Religião egípcia


Osiris, Isis e o filho Horus - Deuses do Egito
Para os egípcios a Morte era considerada algo horrível e temível. A ultravida desempenhava um importante papel no Egito Antigo, e seu sistema de crenças é um dos mais conhecidos. Quando o corpo morria, partes de sua alma conhecidos como ka (corpo duplo) e ba (personalidade) iam para o Reino dos Mortos. Enquanto a alma residia nos Campos de Aaru, Osíris exigia pagamento pela proteção que ele propiciava. Estátuas eram colocadas nas tumbas para servir como substitutos do falecido.


Pintura egípcia representando a pesagem das almas
Obter a recompensa no outro mundo era uma verdadeira provação, exigindo um coração livre de pecados e a capacidade de recitar encantamentos, senhas e fórmulas do Livro dos Mortos. No Salão das Duas Verdades, o coração do falecido era pesado contra uma pena Shu de verdade e justiça, retirada do toucado da deusa Maet. Se o coração fosse mais leve que a pena, a alma poderia continuar, mas, se fosse mais pesada, era devorada pelo demônio Ammit.
Os egípcios também acreditavam que ser mumificado era a única forma de garantir a passagem para o outro mundo. Somente se o corpo fosse devidamente embalsamado e sepultado numa mastaba, poderia viver novamente nos Campos de Yalu e acompanhar o Sol em sua jornada diária. Os trabalhos eram vigiados por sacerdotes com máscaras reproduzindo a cabeça de Anúbis. Devido aos perigos apresentados pela ultravida, o Livro dos Mortos era colocado na tumba, juntamente com o corpo.


Anúbis (Deus dos Mortos) - preparando um corpo
 
Zoroastrismo

Zaratustra, mais conhecido na versão grega de seu nome (Zoroastro), foi um profeta que viveu na antiga Pérsia (atual Irã) por volta do século VII a.C. Foi o fundador do Masdeísmo ou Zoroastrismo - religião adotada oficialmente pelos Aquemênidas (550-330 a.C.).
Os zoroastrianos acreditam que o corpo humano é puro e não deve ser rejeitado. Quando uma pessoa morre o seu espírito deixa o corpo num prazo de três dias e o seu cadáver torna-se impuro. Uma vez que a natureza é uma criação divina marcada pela pureza não se deve polui-la com um cadáver, por isso os cadáveres não são enterrados, mas colocados ao ar livre para serem devorados por aves de rapina, em estruturas conhecidas como torres do silêncio (dakhma). Pregava que os mortos serão devorados pelo terror e purificados para viver num mundo material perfeito no fim dos tempos.

Zaratustra ou Zoroastro - pintura de Rafael
O texto pálavi Dadestan-i Denig ("Decisões Religiosas"), datado de cerca de 900 AD, descreve o julgamento particular da alma três dias após a morte, sendo cada alma enviada para o paraíso, inferno ou para um lugar neutro (hamistagan) para aguardar pelo Juízo Final.


Religião Greco-romana

Na Odisséia, Homero refere-se aos mortos como "espectros consumidos". Uma ultravida de eterna bem-aventurança existe nos Campos Elísios, mas está reservada para os descendentes mortais de Zeus.
Zeus, o governante de todos os deuses gregos.
Em seu Mito de Er, Platão descreve almas sendo julgadas imediatamente após a morte e sendo enviadas ou para o céu como recompensa ou para o submundo como punição. Depois que seus respectivos julgamentos tenham sido devidamente gozados ou sofridos, as almas reencarnam.
O deus grego Hades é conhecido na mitologia grega como rei do submundo, um lugar gélido entre o local de tormento e o local de descanso, onde a maior parte das almas residem após a morte. É permitido que alguns heróis das lendas gregas visitem o submundo. Os romanos tinham um sistema de crenças similar quanto a vida após a morte, com Hades sendo denominado Plutão. O príncipe troiano Enéas, que fundou a nação que se tornaria Roma, visitou o submundo de acordo com o poema épico Eneida.

Religião nórdica

Odin - Principal Deus da Mitologia Nórdica
Os Eddas em verso e em prosa, as mais antigas fontes de informação sobre o conceito nórdico de vida após a morte, variam em sua descrição dos vários reinos que são descritos como fazendo parte deste tópico. Os mais conhecidos são:
  • Valhala: (literalmente, "Salão dos Assassinados", isto é, "os Escolhidos"). Esta moradia celestial, de alguma forma semelhante aos Campos Elísios gregos, está reservado aos guerreiros valorosos que morreram heroicamente em batalha;
  • Helheim: (literalmente, "O Salão Coberto"). Esta moradia assemelha-se ao Hades da religião grega, com um local semelhante ao "Campo de Asfódelos", onde as pessoas que não se destacaram, seja por boas ou más ações, podem esperar residir após a morte e onde se reúnem com seus entes queridos;
  • Niflheim: (literalmente, "O Escuro" ou "Hel Nevoento"). Este reino é grosso modo similar ao Tártaro grego. Está situado num nível inferior ao do Helheim, e aqueles que quebram juramentos, raptam e estupram mulheres, e praticam outros atos vis, serão enviados para lá com outros do seu tipo, para sofrer punições severas.
Enfim, o que é a morte? O que acontece depois que o ser humano morre? Existe uma outra vida ou tudo acaba com a morte? Quem possui uma resposta convincente: a Ciência ou a Religião?

FONTE:
Revista Superinteressante. Edição Especial. O Livro das Mitologias - Deuses, Heróis e Lendas.Editora Abril, 2010.

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