sábado, 19 de maio de 2012

MITOLOGIA E RELIGIÃO

Qual a origem do ser humano?
Série Grandes Questões da Vida
By Phrancys Drake

Dando continuidade à série “grandes questões da vida”, falaremos nesse tópico acerca de uma pergunta há muito formulada pelos grandes filósofos da história e que, até os tempos hodiernos, permanece sem elucidação: Qual a origem do homem? 
Teria sido o ser humano criado por um Deus (ou pelos Deuses) como pregam as diversas ramificações religiosas e sectárias da Teoria Criacionista ou evoluído até sua forma atual de um ancestral comum como sugere a Teoria Evolucionista?
A bem da verdade, respostas a este questionamento não faltam, mas é certo que são apenas suposições, com maior ou menor grau de fundamentação. Contudo, antes de se emitir alguma opinião a respeito, é necessário analisar cuidadosamente e de forma imparcial, as teorias que apresentam maior grau de credibilidade.

1ª PARTE

O pensamento criacionista

Desde tempos imemoriais o ser humano vem buscando compreender suas origens através das revelações mítico-religiosas. Devido a ausência de conhecimento sobre os fenômenos naturais, a Teoria Criacionista desenvolveu-se e obteve uma maior aceitação, especialmente na Idade Média, quandos poucos tinham coragem de contrariar a “verdade” da Igreja Romana. Todavia, ao contrário do que muitos acreditam, o criacionismo não se restringe apenas às religiões monoteístas, mas as diferentes religiões do mundo possuem sua própria versão da teoria criacionista. Analisemos as mais relevantes.

O Mito da Criação Universal


Há cerca de seis ou sete mil anos havia um mito universal de que todos os seres eram provenientes do útero de uma Mãe Cósmica.
Inicialmente cultuada na Índia, como Kali, a Mãe Informe, recebeu depois o nome de Tiamat (Babilônia), Nu Kua (China), Temut (Egito), Têmis (Grécia pré-helênica), e Tehom (Síria e Canaã), sendo este último o termo usado mais tarde pelos escritores bíblicos para Abismo.
As mais antigas noções de criação se originavam da ideia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a prole. Acreditava-se que a partir do sangue divino do útero e através de um movimento, dança ou ritmo cardíaco, que agitasse este sangue, surgissem os "frutos", a própria maternidade.
Essa é uma das razões pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno que detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso" organizou, separou e definiu os elementos que compõem e produzem o cosmos; a esta energia organizadora os gregos deram o nome de Diakosmos, a Determinação da Deusa. Os egípcios, nos hieróglifos, chamaram este coração de ab e os hebreus foram os primeiros a chamar de pai (ainda que masculinizassem, a idéia fundamental de família e continuidade da vida não era patriarcal).

Prometeu rouba o fogo do Olimpo e dá aos homens

Segundo a mitologia grega, no princípio havia apenas o Caos Primordial e dele nasceu Gaia (a terra) e Eros (o amor). Posteriormente, surgiram o Érebo, as trevas e o Éter, o céu, o mar e as montanhas. O homem teria surgido através de dois titãs: Epimeteu e Prometeu. A partir de um molde de barro, Epimeteu teria criado os homens sem vida e imperfeitos. Prometeu, seu irmão, tendo se compadecido deles, resolvera roubar o fogo do deus Vulcano para lhes dar vida. A deusa Atena teria lhes dado a alma.
Ask e Embla -  o primeiro casal segundo a mitologia nórdica
A mitologia nórdica narra a origem humana da seguinte forma: Num dia, enquanto os deuses Odin, Hoenir e Lodur caminhavam por uma praia, avistaram boiando nas águas do mar, duas árvores. Os deuses decidiram criar destas árvores os seres humanos. De uma árvore eles criaram o homem, e lhe deram o nome de Ask, Askr ou Askur. E da outra ele criaram a mulher, e a batizaram com o nome de Emtla ou Embla. Odin deu a cada um dos dois um espírito, Hoenir presenteou eles com seus cinco sentidos e a habilidade de se mover, e Lodur deu a eles vida e sangue. Os dois se tornaram os primeiros de sua espécie e foram levados para habitar a terra de Midgar, posteriormente consagrada como a "terra dos homens".
Enkidu e Gilgamesh
Conforme a mitologia suméria, os deuses Enlil (deus do vento e das tempestades) e Enki (deus da água doce e da sabedoria) criaram do barro o homem e a mulher. Eles chamaram o homem de Adamu. Na Epopeia de Gilgamesh, poema épico de origem suméria, possui uma descrição da criação de um ser humano do barro. A deusa Araru cria Enkidu.
"A deusa então concebeu em sua mente uma imagem cuja essência era a mesma de Anu, o deus do firmamento. Ela mergulhou as mãos na água e tomou um pedaço de barro; ela o deixou cair na selva, e assim foi criado o nobre Enkidu". (OLIVEIRA, 2001, p. 62).
Representação de Viracocha na Puerta del Sol em Tiahuanaco. (séc. XII a.C.)
Na mitologia dos antigos incas havia várias versões sobre a origem do homem. Uma delas relata que os seres humanos foram criados da argila pelo deus Viracocha (Apu Kun Tiqsi Wiraqutra).
"[...] a divindade suprema inca Viracocha fez pessoas de argila, pintando-as com roupas cujos desenhos coloridos distinguiam uma nação da outra. Ele deu a cada grupo sua própria língua e costumes, então soprou o sopro vital sobre eles e os enviou para a terra ordenando que emergissem das cavernas, lagos e montanhas". (SAUNDERS, 2005, p. 186).
Em outra versão, os homens se originam dos filhos e filhas dos deuses Apu Inti (sol) e Mamma Calle (lua).
Civilização Maia

Consoante a mitologia maia, inicialmente os deuses criaram o ser humano do barro. Porém quando chovia, o barro amolecia e se desfazia em lama. Então os deuses decidiram utilizar outra matéria. Eles criaram os homens na segunda vez, os fazendo da madeira. Estes tais "homens de madeira", eram mais resistentes que os anteriores. Porém eles não conseguiam se movimentar direito, e passaram a ser mais arrogantes do que seus antecessores. Os deuses, os destruiram, e tentaram mais uma vez. Na terceira vez, os deuses derramaram seu sangue sobre espigas de milho, e criaram quatro homens de quatro espigas. Destes quatro homens eles tomaram uma parte de sua carne, de seus ossos e de seu sangue e criaram para cada um uma mulher. Estes oito seres humanos passaram a se multiplicar e povoar a terra. Na concepção maia, os deuses criaram os seres humanos, para que estes os adorassem e fossem seus servos.
Nu Kua e Fu Xu.

A mitologia chinesa tem início por volta de 1.100 a. C. Atribui a criação da raça humana à deusa Nu Kua ou Nuwa (Mãe Primordial) e seu irmão-marido Fu Xu. Ambos os deuses são retratados em muitas vezes, tendo a metade do corpo na forma de uma serpente e a outra metade na forma humana. Quanto a questão da origem do homem, existem diferentes histórias. Em umas se diz que os dois criaram a humanidade antes do dilúvio. Em outra se diz que eles recriaram os homens a partir da lama do dilúvio.
A Criação de Adão - Afresco da Capela Cistina por Michelangelo

O Judaísmo e o Cristianismo baseiam-se nas escrituras sagradas do Velho Testamento para explicar a criação do homem. Segundo a narrativa bíblica contida em Gênesis (o livro das origens – em seu capítulo 1, versículos 26 ao 28), o homem foi feito a partir do barro logo após Deus ter criado os céus e a terra, tendo sido projetado à sua imagem e semelhança. O homem, chamado Adão, teria se tornado alma vivente quando Deus assoprara o fôlego da vida em suas narinas. Ainda segundo este livro, a mulher teria sido criada a partir de uma das costelas do homem, por isso foi chamada Eva.

Gravura otomana retratando o momento da revelação pelo anjo Gabriel do Alcorão para o profeta Maomé.

O Islamismo acredita que a humanidade foi criada por Alá conforme é explicado em seu livro sagrado, o Alcorão, escrito pelo profeta Maomé por intermédio do anjo Gabriel, através de revelações que ocorreram por volta de 610 e 632 d. C.. No entanto, alguns muçulmanos acreditam que quanto a origem da Terra, a ciência não está totalmente incorreta.

É importante observar que todas as religiões antigas e contemporâneas formulam explicações para a origem do ser humano, sendo que algumas chegam a ter alguns pontos muito semelhantes.
Jean Leopold Nicolas Fréderic Cuvier
Uma dessas explicações ficou conhecida como Fixismo. Foi proposta pelo naturalista francês Georges Cuvier tendo sido aceita até o século XVIII com a afirmação de que os seres vivos haviam sido criados por um poder divino.

Em suma, o criacionismo não acredita nas modificações evolutivas. De acordo com essa teoria, os seres vivos foram criados na forma atual e não se alteraram no decorrer dos anos. Todas as espécies se adaptaram ao ambiente e permaneceram perfeitas, imutáveis e independentes umas das outras.

Continua na próxima postagem...

Um comentário:

  1. Drake, gostei muito do seu post. Também estou fazendo uma pesquisa sobre as origens do homem. Mais específicamente mitos que tem sua origem através do barro. E pelo seu post são várias sociedades. Queria saber a biografia q vc usou, para eu tbm aprofundar minha pesquisa grata!!
    raisapaco@gmail.com

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